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PRODUÇÃO MUSICAL DE KING JIM

Matéria ilustrada sobre as gravações de King Jim no estúdio Soma

MULHERES NO FRONT

Assista uma compilação de 40 vídeos de bandas com garotas

27 de mar. de 2012

ROGER WATERS EM PORTO ALEGRE - THE WALL LIVE


Foto: Michele Vilan

O primeiro show da turnê brasileira do britânico Roger Waters [The Wall Live], ocorreu dia 25 de março de 2012 no Estádio Beira-Rio em Porto Alegre/RS.

Em torno de 48 mil pessoas compareceram ao local para assistir a um espetáculo de som e imagens explosivas e destrutivas, literalmente.

Foto: Daniela Xisto

Ocorreram alguns problemas na parte externa do estádio, relacionados à desorganização das filas e falta de pessoal para dar informações, o que acabou gerando um certo caos que culminou com o atraso do show. 

No entanto, isso não foi suficiente para abalar os ânimos dos admiradores do ex-baixista e vocalista do Pink Floyd, Roger Waters, e muito menos das pesadíssimas estruturas com mais de cem toneladas de equipamentos e um cenário em forma de muro medindo 137 metros de largura por 11 metros de altura.

Foto: Daniela Xisto

A temática central do The Wall [álbum duplo lançado em 1979 pelo Pink Floyd], que ganhou um filme homônimo em 1982 dirigido por Alan Parker e com animações de Gerald Scarfe, esta relacionada a criação de um muro metafórico que vai sendo erguido em torno de um personagem auto-biográfico de Waters, na medida em que este sofre traumas e frustrações ao longo da sua vida.

A ausência do pai, morto na guerra, seria o limiar dos problemas e o principal trauma, que o afeta profundamente e aos poucos o transforma em uma pessoa introspectiva e depressiva. Chegando a ter crises de paranóia e ‘loucura’. Cada problema ou frustração que ele vive [superproteção da mãe para suprir a ausência do pai, professores autoritários, crise em seu relacionamento] é como um tijolo a mais no muro. Desta forma, o personagem acaba sendo envolto por uma barreira imaginária intransponível [o muro] que desencadeia uma situação de isolamento, medo e alienação.

Foto: Michele Vilan

Em The Wall Live, Roger Waters recria e atualiza o espetáculo cênico com uma mega produção e utilização de alta tecnologia de som, luzes, projeções, pirotecnia, imagens, mensagens e animações. Causando um impacto visual indescritível.

Logo na abertura do show, na música ‘In The Flesh?’ fogos de artifício ‘explodem’ no palco e uma réplica de um avião da segunda guerra se choca contra o muro, representando o primeiro grande trauma [morte do pai]. Chamas podem ser vistas no cenário e estrondos, rajadas, tiros e outros ruídos são ouvidos nos alto-falantes laterais do sistema quadrifônico implementado no estádio, gerando um clima tenso e assustador.

Foto: Michele Vilan

A partir daí o muro se transforma numa imensa tela de cinema, por enquanto ainda fragmentada, que atrai a atenção do público pela forma e conteúdo apresentados: alto teor crítico, denúncia e ironia brotam na muralha cinematográfica, que gradativamente vai sofrendo mutações ao receber novos tijolos.

Ao mesmo tempo em que as imagens são projetadas no muro, os músicos executam com primazia as canções do álbum The Wall. A qualidade do som é impressionante e o nível técnico e expressivo da banda é absurdo.

Foto: Daniela Xisto

Em Another Brick In The Wall Part II ocorre uma participação muito especial de um coral de crianças da ONG Canta Brasil [de Canoas/RS] usando camisetas com os seguintes dizeres: ‘Fear Builds Wall’ [o medo ergue muros]. Grande performance da criançada!

O conceito utilizado por Roger Waters para criar o The Wall fez com que a sua obra se mantivesse arejada e atual, mesmo após ter se passado mais de três décadas do lançamento oficial do álbum, que ocorreu em plena guerra fria e, portanto numa outra conjuntura geopolítica.

Foto: Michele Vilan

Isso se deve ao fato de que o isolamento, o medo e a alienação, desencadeados por traumas, e abordados por Waters não se tratam de questões pontuais, que ocorreram exclusivamente com ele em uma determinada época. Os traumas sofridos pelo compositor, que o colocaram dentro de uma prisão mental, ocorrem todos os dias com diversas pessoas de diferentes países.

Foi justamente para essas pessoas, vítimas do que ele denominou ‘Terrorismo de Estado’, que o músico dedicou o concerto desta noite, em especial para o brasileiro Jean Charles de Menezes [assassinado pela polícia inglesa, supostamente por engano].

Foto: Daniela Xisto

Sendo assim, pode-se dizer que a atuação inescrupulosa dos Estados contra os indivíduos de uma sociedade é algo que se mantém vivo, seja na forma de repressão, tortura, guerras, mutilação, desemprego, exploração e inclusive morte, como o próprio cantor denunciou através de fotografias de ativistas, projetadas no muro, que foram assassinados pelos governos, em função de lutarem por uma causa contrária aos interesses dos mesmos.

Durante o show também houve momentos engraçados, quando na canção ‘Mother’, logo após Waters cantar o verso ‘Mother, should I trust government?’ [Mãe, devo confiar no governo?], é projetado no muro a resposta em caixa alta e língua portuguesa: NEM FODENDO!

Foto: Michele Vilan

Durante todo o primeiro ato do espetáculo [Vinil 1], o muro vai sendo erguido com tijolos, na medida em que as frustrações são apresentadas sonora e visualmente, sendo que alguns buracos sempre acabam expondo os músicos. Na última canção desta primeira parte, ‘Goodbye Cruel World’, Rogers Waters aparece cantando no único buraco ainda existente no muro.

Após o intervalo, a banda retorna com ‘Hey You’ num segundo ato [Vinil 2] isolada da platéia pelo muro, que agora está completamente fechado como uma barreira que impede a observação dos músicos. As projeções tornam-se as únicas referências visuais do público para acompanhar as músicas que continuam sendo executadas do outro lado do muro.

Foto: Michele Vilan

Essa situação se mantém na maior parte do segundo ato. Mas aos poucos o músico vai se expondo, mostrando um certo 'incômodo' com o isolamento.

As projeções sobre o muro se tornam mais intensas nesta segunda parte, apresentando, entre outras imagens, os tradicionais martelos da seita fascista. Uma ironia com as ideologias totalitárias.

Foto: Michele Vilan

O muro é destruído por completo, apenas, na penúltima música ‘The Trial’ quando os tijolos vem abaixo após o uníssono ‘tear down the wall!’ [derrubem o muro!]. Sendo que a banda finaliza o espetáculo rompendo com o isolamento e se expondo, na íntegra, para o público na interpretação de ‘Outside The Wall’ com Roger Waters tocando trompete.

Foto: Daniela Xisto

Confesso que este foi o melhor show que eu tive oportunidade de assistir até o momento. Sistema de áudio impecável, performance da banda perfeita! Expressividade, visão crítica e a interessante fusão entre música e artes visuais.  Inesquecível! Gostaria de agradecer a parceria de Michele Vilan, Daniela Xisto, Carine MarksCíntia Tavares. Valeu pessoal!!!

Setlist do Show:

In the Flesh?
The Thin Ice
Another Brick in the Wall Part 1
The Happiest Days of Our Lives
Another Brick in the Wall Part 2
Mother
Goodbye Blue Sky
Empty Spaces
Young Lust
One of My Turns
Don't Leave Me Now
Another Brick in the Wall Part 3
Goodbye Cruel World

Intervalo

Hey You
Is There Anybody Out There?
Nobody Home
Vera
Bring the Boys Back Home
Comfortably Numb
The Show Must Go On
In the Flesh
Run Like Hell
Waiting for the Worms
Stop
The Trial
Outside the Wall




Licença Creative Commons
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons
Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil. 

21 de mar. de 2012

INSETO SOCIAL - CONTANDO COBRES

Por Wagner Rodrigues


A Inseto Social é uma banda que teve origem na cidade de Santa Maria/RS em 1998, período em que grava sua primeira fita-demo. Em 2000 lança um álbum homônimo, mesclando punk rock com outras influências sonoras; em 2002 apresenta o EP ‘Ed Wood Nunca Ganhou um Oscar’, com quatro novas composições; e em 2011 ataca com o single Contando Cobres.

As músicas deste novo trabalho foram gravadas no Bobby Studio com produção de Renato Molina, sendo que este single representa uma prévia do álbum que provavelmente estará saindo do forno este ano, juntamente com um documentário sobre a história da banda, que está sendo produzido por Rafael Miranda, da Aspartame Salgadinho Produções.

A partir da esquerda: Vitor Cezar, Flamarion Rocha, Rogério Fenalti e Giovani Kovalczyk.


O single possui duas faixas: ‘Contando Cobres’ e ‘Debaixo do Céu’. Ao ouvi-las percebe-se, logo de cara, um amadurecimento significativo da banda, tanto no que se refere aos arranjos, como nas letras do Flamarion Rocha.

Os guris conseguiram introduzir novos elementos ao seu som sem perder a essência. Música e letra estão mais lapidadas, integradas e coesas e ainda assim com uma pegada própria.

Inseto Social abrindo o show do Dead Fish em 2010.


Dentre as características mais marcantes eu destacaria em ‘Contando Cobres’ o uso do violão e sons mais limpos, o teclado que poderá soar quase imperceptível aos ouvidos menos atentos, a técnica de slide [aplicação de um cilindro deslizante sobre as cordas do instrumento] e de solos e arranjos remetendo a uma sonoridade blues-country-folk.

‘Debaixo do Céu’ é um som frenético e pulsante. As guitarras aqui soam mais pesadas com riffs e solos puxando para o rock’n’roll, boas linhas de baixo e trabalho de batera. Os backing vocals ficaram bem colocados e os arranjos com teclado, apesar de estarem bem audíveis desta vez, integraram-se de forma interessante ao som, sem parecerem artificiais.

Parabéns a Inseto Social, estarei no aguardo do novo álbum!

Integrantes:

Flamarion Rocha [voz e guitarra]
Rogério Fenalti [bateria]
Giovani Kovalczyk [baixo]
Vitor Cezar [guitarra]

Assista ao vídeo da música 'Contando Cobres':



Mais informações, downloads e contatos:




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 Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil. 

CANGAÇO - POSITIVO




Os pernambucanos da Cangaço lançaram em 2011 o EP ‘Positivo’ com cinco faixas. O trabalho é realmente muito interessante e se destaca, principalmente, por dois fatores: as letras são escritas em português [com exceção de uma faixa que é em inglês] e os rapazes fazem um death metal com alguns toques da música regional/folclórica de Pernambuco.

Essas opções ou condições tornam este EP um diferencial, pois, em geral, percebe-se, dentro da cultura do metal, uma tendência ou insistência em compor em inglês a todo custo, mesmo que a banda seja de um país que fale outra língua. E parece que a Cangaço está conseguindo se desvincular desta obsessão. Além disso, nem sempre bandas de metal extremo se permitem essa abertura e incorporação de elementos da música local/regional em seu trabalho. Quem quiser dar uma conferida nas letras é só acessar: http://letras.terra.com.br/cangaco/.

A banda utiliza o vocal gutural [técnica de canto com maior preponderância da garganta, gerando um som distorcido]; guitarra com ótimos riffs, timbre grave e alta saturação [em algumas passagens a guitarra é tocada em duo com um violão]; baixo e bateria bem articulados e com bastante variação rítmica.

Enfim, para quem curte um som pesado fica aí a dica. Porém, para quem tem ouvidinhos sensíveis aconselho distância. A banda é formada por Rafael Cadena [guitarra e vocal], André Lira [bateria] e Magno Barbosa Lima [baixo e vocal]. Para saber mais sobre a Cangaço e baixar o EP 'Positivo', além das duas demos anteriores, basta clicar em: www.myspace.com/cangacometal.

Lista das faixas:

01- Positivo
02- The Second Hour
03- Sete Orelhas
04- Al Rasif
05- Deserto do Real

Assista ao vídeo da música Al Rasif [uma singela homenagem a cidade de Recife]:






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APOFENIA - DISTOPIAS DESTRUTIVAS



Apofenia é uma banda que se originou em Porto Alegre nos idos de 2009. Formada por Wagner Rodrigues [guitarra], Fábio Ernane [guitarra] e André Vencato [bateria], se manteve praticamente no anonimato até o final de 2011, período que marca suas primeiras apresentações no underground e o lançamento independente do seu primeiro EP [distopias destrutivas] com uma tiragem de apenas 100 cópias.

As canções do EP ‘distopias destrutivas’ são instrumentais, flertam com o post rock e foram gravadas ao vivo. Esta opção foi feita, principalmente, por questões financeiras, uma vez que este procedimento demanda menor tempo em estúdio. Além disso, a idéia foi captar a energia e a dinâmica da banda, com a presença de alguns improvisos e experimentações. 

A partir da esquerda: Fábio Ernane, André Vencato e Wagner Rodrigues.


Engana-se quem pensa que irá encontrar neste trabalho virtuosismos e solos de guitarra e bateria intermináveis. A proposta aqui é outra. A Apofenia está interessada na textura do som [o quão áspera ou lisa pode vir a ser uma nota musical ou ruído anti-musical], no seu peso, na sua transparência ou obscuridão, no seu silêncio... E tudo o que isso pode vir a representar imageticamente e como forma de subversão sonora.

É importante ressaltar que a música ‘1 minuto para o fim’ é uma faixa bônus gravada de forma caseira com uso de software livre, bem no estilo ‘faça você mesmo' [do it yourself]. Talvez seja o som mais obscuro da banda. Três guitarras com timbres diferentes se entrelaçam para gerar uma composição de aproximadamente 1 minuto. Um detalhe curioso é que em uma das guitarras foi aplicada uma sobreposição enorme de efeitos até se chegar naquele timbre ‘espacial’.




Ver publicação no blog Lágrima Psicodélica





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19 de mar. de 2012

SOMATO - ESQUINA METADE


Capa do EP



...Esquina Metade é o EP lançado em 2010 pela Somato [Florianópolis/SC]. Eu tive a grata oportunidade de assistir a arrasadora performance da banda no II Festival de Música da UFSC em 2011 e de quebra já adquiri o disco diretamente com a Mariel.

Este trabalho possui uma sonoridade muito bacana e diferente, seja pela utilização de instrumentos musicais não tão explorados por bandas de rock como cajón, violoncelo e escaleta; seja pela fusão do rock com elementos da música folclórica latino-americana, francesa, erudita e popular brasileira.

Apresentação da Somato na cidade de Lille [França] durante sua passagem pela Europa em 2010. 
Foto: Fabrice Massey.

Outra peculiaridade interessante é a forma como são colocados os vocais [femininos e masculinos] no contexto da música, com bastante ênfase nos backing vocals ou ainda com construções vocais que exploram recursos expressivos como sussurros, falas ou risos; como é possível perceber em músicas como Sensato e Lefeu d’Amour.

O uso de instrumentos acústicos em combinação com a guitarra elétrica gera um som com grande riqueza de timbres e uma relação eletroacústica bastante promissora e cativante. As letras num tom intimista abordam temáticas variadas, assim como a linguagem sonora utilizada pela banda, que passeia por uma diversidade enorme de influências.

Verso do EP

O EP possui cinco faixas, sendo quatro músicas escritas em português e uma em francês. A banda é formada por Bruno Andrade [voz e guitarra], Claudio Garcia [voz e violão], Gloria Goulart [voz e teclas], Mariel Maciel [voz e percussão] e Thiago Gasparino [voz e violoncelo]. Para mais informações e download das músicas acesse www.somato.tnb.art.br e www.myspace.com/somatomusic.

Assista ao vídeo da música 'O Grande Fardo':





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